sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

CRÍTICA "A ESPOSA"


É quase impossível que uma obra cinematográfica ou literária escape do clichê. Inevitavelmente ele estará presente, de uma forma ou de outra, sendo que o que muda é a forma com que ele se apresenta. No caso de A Esposa, filme dirigido por Björn Runge e baseado no livro homônimo de Meg Wolitzer, poderíamos nos guiar por aquele que diz “por trás de todo grande homem existe uma grande mulher.”

O enredo gira em torno de uma mulher, Joan (Glenn Close) que abandonou seus sonhos para sustentar os do marido, Joe (Jonathan Pryce). Notadamente talentosa desde a juventude (o que nos é mostrado por meio de flashbacks muito bem colocados ao longo da narrativa), a paixão de Joan pela escrita é constantemente minada, já que na década de 1950 as oportunidades para as mulheres eram pouquíssimas, mesmo no mundo das artes. Assim, ela se esconde atrás de Joe, que era um escritor um tanto quanto medíocre, mas bonito e sedutor, e que vê no dom extraordinário da mulher a chance de se fazer notar no mundo literário.

No entanto, não é só profissionalmente que Joan se submete ao marido, mas também na sua relação com os próprios filhos. O emburrado David, interpretado por Max Irons (de forma bem fraca, diga-se de passagem), transferiu para o pai toda a admiração no seu gosto pela escrita, sem saber que o gênio, na verdade, era a mãe, o que o afeta diretamente.

Se soou clichê para você, não se engane, porque não obstante, A Esposa é um filme sensível que constrói muito bem o caráter sedutor-carismático-sem-vergonha de Joe e passivo-agressivo de Joan, com atuações simplesmente incríveis de seus intérpretes, bem como sua relação como casal e como pais. Encanta pelos detalhes, acerta na trilha sonora, mantém o foco de sua proposta e é coerente no final.

Uma indicação para o Oscar não seria nem um pouco absurda! Vale a pena conferir. O filme estreia dia 10 de janeiro.

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