É quase impossível que uma
obra cinematográfica ou literária escape do clichê. Inevitavelmente ele estará
presente, de uma forma ou de outra, sendo que o que muda é a forma com que ele
se apresenta. No caso de A Esposa,
filme dirigido por Björn Runge e baseado no livro homônimo de Meg Wolitzer,
poderíamos nos guiar por aquele que diz “por trás de todo grande homem existe
uma grande mulher.”
O enredo gira em
torno de uma mulher, Joan (Glenn Close) que abandonou seus sonhos para sustentar
os do marido, Joe (Jonathan Pryce). Notadamente talentosa desde a juventude (o
que nos é mostrado por meio de flashbacks
muito bem colocados ao longo da narrativa), a paixão de Joan pela escrita é
constantemente minada, já que na década de 1950 as oportunidades para as
mulheres eram pouquíssimas, mesmo no mundo das artes. Assim, ela se esconde atrás
de Joe, que era um escritor um tanto quanto medíocre, mas bonito e sedutor, e que
vê no dom extraordinário da mulher a chance de se fazer notar no mundo
literário.
No entanto, não é
só profissionalmente que Joan se submete ao marido, mas também na sua relação
com os próprios filhos. O emburrado David, interpretado por Max Irons (de forma
bem fraca, diga-se de passagem), transferiu para o pai toda a admiração no seu
gosto pela escrita, sem saber que o gênio, na verdade, era a mãe, o que o afeta
diretamente.
Se soou clichê
para você, não se engane, porque não obstante, A Esposa é um filme sensível que constrói muito bem o caráter sedutor-carismático-sem-vergonha
de Joe e passivo-agressivo de Joan, com atuações simplesmente incríveis de seus
intérpretes, bem como sua relação como casal e como pais. Encanta pelos
detalhes, acerta na trilha sonora, mantém o foco de sua proposta e é coerente
no final.
Uma indicação
para o Oscar não seria nem um pouco absurda! Vale a pena conferir. O filme estreia dia 10 de janeiro.
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