quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

CRÍTICA "POLAR"


Nem 007 nem Austin Powers

A nova produção original da Netflix, Polar, adaptação da série de quadrinhos noir de mesmo nome, é exagero puro do começo ao fim, e o diretor Jonas Åkerlund  usa e abusa desse elemento em sua trama um tanto quanto violenta, que não sabe se segue o gênero ação, comédia ou drama. É tudo uma mistura só, e o exagero faz com que o enredo se encaixe no já conhecido estilo trash.

Para início de conversa, o competente ator dinamarquês Mads Mikkelsen (007 - Cassino Royale, 2006) parece ter sido transportado do universo de James Bond diretamente para o de Austin Powers, 1997-2002 sem perceber. Seu personagem, Duncan Vizla, o Black Kaiser, é um experiente assassino de aluguel às vias da aposentadoria, que ao ser convocado para uma última missão, acaba descobrindo que o alvo do esquema todo é ele próprio.

Mas a obra não consegue se definir, e tenta usar o grotesco em tudo e mais um pouco, até exaurir a ferramenta.

A violência, presença marcante do enredo, não fica trivial, já que o personagem principal possui uma vibe fria e austera, que contrasta com o clima bizarro do resto da trama. Ao mesmo tempo, a bizarrice não deixa o clima de seriedade tomar conta nem nas cenas mais dramáticas. Como levar a sério uma gangue de assassinos que parecem saídos diretamente dos palcos de um show do YMCA, ou mesmo um vilão que é a mistura do Elton John Com o Doctor Evil, sem estarmos no universo de Austin Powers? A única coisa que se salva mesmo são as cenas de ação, que são realmente muito boas.

A indefinição acaba tirando a identidade do filme, que está longe de ser um 007, mas também não chega a ser um Austin Powers, se perdendo em algum lugar no meio desses dois universos.

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