Nem 007 nem Austin Powers
A nova produção original da Netflix,
Polar, adaptação da série de quadrinhos noir de mesmo nome, é exagero puro do
começo ao fim, e o diretor Jonas Åkerlund
usa e abusa desse elemento em sua trama um tanto quanto violenta, que
não sabe se segue o gênero ação, comédia ou drama. É tudo uma mistura só, e o
exagero faz com que o enredo se encaixe no já conhecido estilo trash.
Para início de conversa, o competente
ator dinamarquês Mads Mikkelsen (007 - Cassino Royale, 2006) parece ter sido
transportado do universo de James Bond diretamente para o de Austin Powers,
1997-2002 sem perceber. Seu personagem, Duncan Vizla, o Black Kaiser, é um
experiente assassino de aluguel às vias da aposentadoria, que ao ser convocado
para uma última missão, acaba descobrindo que o alvo do esquema todo é ele
próprio.
Mas a obra não consegue se definir, e
tenta usar o grotesco em tudo e mais um pouco, até exaurir a ferramenta.
A violência, presença marcante do
enredo, não fica trivial, já que o personagem principal possui uma vibe fria e
austera, que contrasta com o clima bizarro do resto da trama. Ao mesmo tempo, a
bizarrice não deixa o clima de seriedade tomar conta nem nas cenas mais
dramáticas. Como levar a sério uma gangue de assassinos que parecem saídos
diretamente dos palcos de um show do YMCA, ou mesmo um vilão que é a mistura do
Elton John Com o Doctor Evil, sem estarmos no universo de Austin Powers? A
única coisa que se salva mesmo são as cenas de ação, que são realmente muito
boas.
A indefinição acaba tirando a
identidade do filme, que está longe de ser um 007, mas também não chega a ser
um Austin Powers, se perdendo em algum lugar no meio desses dois universos.
Excelente comparação!
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