segunda-feira, 11 de março de 2019

CRÍTICA "SUPREMA"


On the basis of sex

Filme biográfico mostra que quem sabe lutar com as armas que tem é capaz de mudar o mundo, em qualquer tempo e em qualquer época.

Suprema (2019), da diretora Mimi Leder (A Corrente do Bem, 2000), conta a história da juíza da Suprema Corte Norte-Americana, Ruth Bader Ginsburg, interpretada por Felicity Jones (A Teoria de Tudo, 2014). É daqueles filmes que retratam a trajetória de pessoas notáveis e que nunca cansamos de assistir, porque nos inspiram e fazem questionar os valores da sociedade.
Um filme biográfico como esse às vezes pode pecar, pulando partes importantes que deveriam ter sido mostradas, como aconteceu no premiado Bohemian Rhapsody (2018), mas não é o caso de Suprema, já que os saltos pela linha do tempo são muito bem feitos, permitindo que todo o período da vida da juíza que se quis mostrar ficasse muito claro, começando pelo ingresso de Ruth na escola de Direito de Harvard em 1956; sua transferência para Columbia; passando por sua árdua procura por emprego em Nova York a partir de 1960; seguido por um curto período de negação; até a causa que alavancou sua carreira na década de 1970 e a fez se tornar um ícone.
Por causa disso, as mensagens do filme puderam ser passada e apreendidas. Não obstante o fato de Ruth ser uma mulher de sorte – já que tinha um marido esclarecido e apaixonado por ela e que a apoiava em tudo o que fazia, uma família amorosa e sólida e, antes de mais nada, uma inteligência notável – seu mérito se encontra todo no fato de que ela soube usar todas essas armas a seu favor, e conseguiu mudar todo um entendimento legal da Suprema Corte Norte-Americana através de um único caso jurídico, beneficiando não só seu cliente, mas toda uma futura geração de pessoas, além de inspirar toda a classe de jovens advogados a se formar.
Suprema não é uma grande produção, não precisou ser. Seu foco são as mensagens que o filme teve o objetivo de passar, e elas são fortes o bastante. Como naquela cena em que Ruth diz: “A sociedade muda por si mesma e sozinha. Não é preciso qualquer autorização legal para isso.” Aconteceu na década de 1970. Qualquer semelhança com a época atual não é mera coincidência.

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